A arma mais eficiente de Batman não está guardada no seu uniforme, nem
no seu carro, nem na caverna onde aprimora suas técnicas de luta. Também
não é de outro planeta, como presente de um alienígena, nem foi
desenvolvida nas modernas indústrias de Bruce Wayne. Veio com muito
estudo e sem essa arma Batman não seria o mito que conhecemos.
Ela
é tão eficiente que compensa a falta de capacidades extra-humanas.
Usada até contra os aliados do herói, é unanimidade entre os roteiristas
das histórias do personagem. Basta qualquer um se aproximar do
homem-morcego para sofrer os efeitos dela.
A arma mais eficiente de Batman é o medo.
“Criminosos
são supersticiosos e covardes; então meu disfarce deve ser capaz de
levar terror aos seus corações; eu devo me tornar uma criatura de noite,
negra, terrível (...) Eu devo me tornar um morcego.”
Essa frase
clássica do herói está na sua origem. É assim que Bruce Wayne justifica
sua decisão pelo uniforme do homem-morcego. Movendo-se pela escuridão,
com habilidade alcançada por um treinamento intenso, Batman surpreende
os marginais. Quando os encontra, se ainda estiverem conscientes, não
vão conseguir esconder nada. Nem dinheiro, nem drogas, nem as mais
sigilosa informação. Não é preciso ser rápido, nem selvagem.
Frequentemente,
o cavaleiro das trevas não diz nada. O medo invade o ambiente assim que
sua presença é notada. Tem sido assim desde que ele começou sua
jornada, como está registrado na história “Ano Um”:
“O uniforme funciona melhor do que eu esperava; eles ficam estarrecidos e me dão
todo o tempo do mundo”.
Parece
que Batman fez escola, no cristianismo. Usar essa mesma arma também é
uma habilidade que alguns líderes religiosos vêm desenvolvendo, à altura
do herói dos quadrinhos. Do alto dos púlpitos, ou no interior de suas
células familiares, plantam o medo no coração dos cristãos.
Encontram
terreno fértil, assim como Batman, nos corações supersticiosos, que se
movem longe das leis – da lei de Deus e da lei dos homens – e nas mentes
pouco informadas. Ao contrário do herói, à luz do dia, sem vergonha
alguma, pregam a barganha santa. É obedecer, cumprir, seguir, ofertar,
cantar – para ganhar, crescer, alcançar, curar. Uma coisa tem sempre
relação com a outra.
“Não recebeu a bênção? Tome cuidado, examine sua vida! Tem aí um pecado não confessado!”
“Você continua caindo por causa do pecado? Vai brincando com Deus, um dia ele perde a paciência com você!”
“Deus está de olho em você, no que você está fazendo, e daí o que vai acontecer?”
“O diabo está ao seu redor, no seu trabalho, na sua casa, até aqui nossa igreja!”
“Não vem na igreja para ir ao cinema? Um dia Deus vai te cobrar isso!”
Tudo isso pode ser verdadeiro.
O
temor de Deus aparece na Bíblia desde o Éden: “Respondeu-lhe o homem:
'Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me'”
(Gênesis 3:10). Pelo Velho Testamento, o Senhor deixou claro que havia
motivo para ser respeitado.
Alguns, pela falta de temor,
sofreram. É verdade, o povo tinha medo de Deus. Até que Ele resolveu
mostrar de que forma gostaria de se relacionar conosco. E o professor, o
Mestre, foi o próprio Filho. Porque ninguém sabe mais a respeito de um
Pai, que o filho que conviveu com Ele desde o começo de tudo.
E o
que o Filho nos ensinou é que a nossa relação com Deus não deve ser
orientada por medo. Temer ao Criador, como reconhecimento de sua
grandeza e justiça, é um dever cristão. Porém viver como se a mão
poderosa de Deus nos aguardasse atrás da porta, pronta a nos esmagar, e
não houvesse solução alguma, é desprezar o sacrifício da cruz. O cristão
tem que viver em santidade por amor a Deus, e não pelo medo de sua
condenação.
Quando Jesus deu a vida por nós, colocando ao fim
qualquer intermediação entre o ser humano e o Criador, também nos deu a
chance de nos aproximarmos diariamente de uma fonte de perdão e amor.
Se
você já foi a uma piscina, em um clube, deve lembrar que em alguns
lugares só é possível entrar na água depois de caminhar por um tanque
raso, para os pés, ou passar por um ducha, para o corpo. É quando somos
lavados da gordura e da sujeira, para que isso não contamine a piscina.
Essa
“teologia do medo” vive de pregar, enfaticamente, que nossos corpos vão
sujar a água, e se esquece de defender o lavar maravilhoso que nos é
oferecido para mergulharmos em profundidade na vida.
“No amor não
há medo, antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve
castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor” (I João 4:18).
Temos que trocar o medo pelo amor. O medo tem relação com o castigo e a
culpa. E a culpa, às vezes, esconde uma frustração pessoal de não se
alcançar uma perfeição religiosa.
Será que o nosso Deus não sabe
que jamais seremos perfeitos? Será que nós não sabemos que é impossível
alcançar um padrão de santidade, sem errar nunca? Será que o medo nos
faz esquecer da benção que é receber o perdão de Deus?
“Pastor,
não consegui, eu pequei novamente”, disse a mulher, assim que entrou no
gabinete. Trazia um rosto de medo e arrependimento, e aguardava uma
repreensão. O pastor respondeu com amor: “Glória a Deus, porque você
reconhece isso; e saiba que não vai ser última vez que caiu, e quantas
vezes ainda precisar você vai poder contar com o amor de Deus para lhe
perdoar, e dar uma segunda chance. Não tenha medo”.
fonte: Deus no gibi
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