A comitiva era enorme, os problemas também. Cada pessoa tinha algo que gostaria que ele resolvesse. A certa altura, ele parou a comitiva. Todos se aquietaram. Esperavam mais um gesto miraculoso, mais um eloquente discurso.
Todavia, para espanto dos presentes, não abriu a boca. Arregalou seus olhos como se visse algo fenomenal. Foi em direção ao vazio. Os mais próximos piscavam os olhos para ver o que ele via, mas não viam nada. Como garimpeiro que achara um precioso veio de ouro, caminhou em direção ao foco. Parou e contemplou.
Ninguém entendeu seu gesto. De repente, ele falou poeticamente: "Olhem! Vejam!" "Ver o quê?", as pessoas se perguntavam. Então, ele disse: "Que lírios encantadores!". E encorajou os presentes a observá-las atenta e embevecida mente.
Em seguida, fez uma comparação que só quem viveu e nunca perdeu a arte da sensibilidade poderia fazer. Disse que aquelas pequenas flores eram tão belas que nem o rei mais esplendoroso de Israel, o rei Salomão, se vestira sequer como uma delas.
Os discípulos, chocados, coçaram a cabeça e certamente pensaram: "Eu não entendo o Mestre. Há tantos problemas para resolver, tantos compromissos para cumprir e ele gasta tempo com as flores!". Jesus estava querendo vaciná-los contra a doença do superficialismo emocional.
Infelizmente, muitos que estudaram Jesus Cristo, ao longo dos séculos, não investigaram os meandros da sua psique, os bastidores dos seus gestos. Portanto,não tiveram a oportunidade de estudar o território da sua emoção e perceber que ele atingiu o topo da saúde psíquica. Ele foi o mestre da sensibilidade. Muitos queriam milagres, mas ele demonstrou que o maior milagre estava em descobrir os segredos das coisas simples e quase imperceptíveis.
Se você se preocupar com os grandes eventos, compromissos e prestígio social e desprezar as coisas mais simples da vida, certamente não terá saúde emocional.
Essas leis da qualidade de vida são universais. Se um índio ou um africano de uma tribo primitiva não contemplar o belo nas pequenas coisas, eles também destruirão sua qualidade de vida. Entretanto, nessa área, eles têm muito mais a nos ensinar do que nós a eles, com nossos museus, moda, Tv.
Jesus contemplava tanto os elementos da natureza, como as sementes, as árvores, o tempo, os pássaros que os utilizava com maestria em suas parábolas para promover a arte de pensar. Ele foi o Mestre dos mestres da qualidade de vida porque sempre achou tempo para fazer das pequenas coisas um espetáculo aos seus olhos.
E você.
Augusto Cury
Capítulo 2 - Contemplando o Belo
12 Semanas para mudar uma vida.
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